Pflex Arquitetura Desobediente

CAROLINA DE JESUS

O PFLEX Arquitetura Desobediente  (PFlex – PRJ081: Arquitetura Desobediente)  foi criado em 2016, a partir do pressuposto que desenho, construção e uso são etapas indissociáveis do processo projetual, conectadas de forma não linear e dinâmica.  Proposta e ministrada pela professora Marcela Brandão, essa disciplina é desenvolvida, desde então,  em articulação com o projeto de extensão Artesanias do Comum, a partir de  demandas vindas de grupos parceiros da extensão.

No que se refere às metodologias de ensino para o desenvolvimento das propostas arquitetônicas,  os alunos devem construir instrumentos de interlocução interativos (maquetes, jogos, mapas e linhas do tempo) a fim de (1) discutir e problematizar demandas junto aos parceiros, (2) mapear recursos materiais e humanos disponíveis, (3) acordar as soluções projetuais. As propostas arquitetônicas desenvolvidas devem ser consistentes em termos técnico-materiais e viáveis no que se refere aos quesitos econômicos. Parte dessas propostas devem ser executadas por meio de atividades práticas desenvolvidas nos laboratórios da Escola e/ou por meio de mutirões com os parceiros.

Este PFLEX foi o primeiro a ser desenvolvido durante a pandemia do Covid, o que inicialmente causou dúvidas se haveria condições dele acontecer, tendo em vista a participação dos parceiros e a execução de parte dos projetos desenvolvidos, seja por mutirão ou construção de protótipos, estaria limitada ou mesmo comprometida. De fato, não houve a execução efetiva dos projetos, mas a participação da coordenação e dos moradores foi intensa, diríamos inclusive que foi maior que as versões anteriores do Arquitetura desobediente, possivelmente.

Importante ressaltar que o PFLEX já havia articulado parcerias com a ocupação em 2018 (1 e 2) e em 2019/1. Ou seja, tratava-se de uma parceria sólida, cujos laços de confiança já estavam consolidados.

 

processos de aproximação do território

A turma foi dividida em 4 grupos de acordo com as demandas trazidas: creche para as criança, uma cozinha coletiva para suporte nas produção de marmitas, compotas e hambúrgueres já em curso, um salão de beleza também em funcionamento no edifício e a adaptação das moradias para atender melhor os arranjos familiares daquele momento.

Novamente, a disciplina se iniciou por meio de jogos, desta vez desenvolvidos por meio da plataforma The Miro, que também permitiu que o desenvolvimento das propostas fosse feito de forma muito interativa.

Processos de aproximação do território.

propostas

No caso do salão de beleza, o trabalho do grupo de alunas foi importante tanto para a definição do local exato onde seria implantado o salão, como para a discussão sobre as instalações de água e esgoto, quanto para o desenvolvimento dos lay-outs e mobiliários. Vale dizer que posteriormente esse projeto foi executado pelos moradores cabeleireiros do salão.

No caso da cozinha coletiva, o grupo desenvolveu 3 propostas diferentes,capazes de atender demandas crescentes mapeadas durante as dinâmicas, ou seja, desde o suporte para a confecção das atividades culinárias já em curso, passando para um futuro restaurante aberto ao público, e finalmente um restaurante escola.

Quanto à creche, as dinâmicas desenvolvidas pelas alunas foram fundamentais para se definir o local onde seria implantada a creche, considerando os acessos, as instalações sanitárias e espaços vizinhos do andar, que deveriam também ser contemplados. O resultado foi um projeto consistente e muito acolhedor.

Em relação aos arranjos das moradias, a dupla de alunos desenvolveu um jogo, organizado em 3 etapas:(1) como é que é (2) é treta? (3) e se. A proposta era que os próprios moradores pudessem definir os arranjos mais adequados às suas necessidades habitacionais. Esse jogo foi posteriormente usado para o desenvolvimento do TCC de uma orientanda da professora Marcela Brandão, a Luiza Guinho, aluna do PFLEX em 2018/2, que desde lá criou um vínculo forte com os moradores da ocupação.