Pflex Arquitetura Desobediente
OCUPAÇÃO PÁTRIA LIVRE
A disciplina Arquitetura Desobediente, desenvolvida no segundo semestre de 2021 sob orientação da professora Marcela Brandão e das monitoras Carina Castro e Manuela Carvalho foi elaborada a partir da parceria com a Ocupação Pátria Livre com o objetivo de reformar ambientes já existentes e projetar novos espaços na ocupação, de forma a tornar o local mais receptivo, aceito pela vizinhança e agradável aos moradores e visitantes que participam das oficinas, palestras e reuniões lá promovidas.
As demandas iniciais foram levantadas através de algumas reuniões remotas envolvendo os representantes da Pátria Livre. A partir dessas conversas, os alunos se dividiram em três grupos que representavam as principais frentes de ação: biblioteca, espaço de eventos, cozinha e identidade visual. O ponto principal da disciplina é a construção conjunta do espaço coletivo com a parceria entre Universidade e comunidade.
processos de aproximação do território
A disciplina teve como ponto de partida a abertura de um breve diálogo para contextualizar o assunto em questão, além de apresentar algumas observações a respeito do trabalho em uma ocupação. Um dos principais pontos apresentados foi a relação de a parceria entre a Universidade e a comunidade, cria um acordo que ultrapassa os prazos e limites da disciplina, uma vez que diz respeito a narrativas extremamente heterogêneas. Dessa forma, foi necessário entender e respeitar o tempo e a disponibilidade de cada um dos envolvidos. Assim, o Pflex teve como objetivo desenvolver discussões e práticas que vão muito além do desenho e se expandem no sentido de envolver, diretamente, a comunidade e os discentes, numa produção coletiva.
Como preparação para a visita ao território, foram desenvolvidos alguns “jogos” a fim de promover uma participação ativa dos moradores na localização dos principais problemas vividos no espaço. A plataforma Miro foi amplamente utilizada no período remoto, pois permitiu que todos tivessem conhecimento do que estava sendo produzido em cada grupo, além de estabelecer um método de organização por separação de cores. Duas dinâmicas em comum foram usadas pelas três frentes: 1) a escolha de verbos e sensações que se encaixam ou deveriam encaixar no ambiente e 2) a seleção de objetos que existem e deveriam existir em cada local. Além disso, cada grupo desenvolveu um estilo de jogo ou interação mais específico que permitiu uma aproximação dos moradores com as intervenções. As dinâmicas foram levadas à campo na Ocupação, localizada na Pedreira Prado Lopes. Os alunos também tiveram a liberdade de explorar o espaço e detectar os principais pontos a serem trabalhados em cada frente de ação.
Jogos e dinâmicas utilizadas com os moradores para mapear as potencialidades e problemáticas dos espaços.
propostas espaciais
Durante o pflex, ocorreram mais duas reuniões de acompanhamento, nas quais os grupos apresentavam os seus avanços e os representantes da ocupação expunham suas opiniões. Isso ajudou os alunos a entenderem melhor as necessidades de cada espaço e a buscarem formas mais fáceis de representação gráfica de suas concepções. As propostas finais foram apresentadas ao coordenador da Ocupação Pátria Livre, Vinícius, através de uma reunião virtual na plataforma Zoom, na qual ele deu as suas considerações sobre os projetos.
Grupo dos Eventos
A partir da visita, os grupos analisaram as demandas separadamente. O grupo dos Eventos estudou a área do galpão, muito usado para realização de festividades, reuniões, aulas de dança, etc. Foram mapeados os objetos presentes no local e outros que seriam necessários. A observação presencial, em conjunto às respostas das dinâmicas e às conversas com os moradores, geraram alguns pontos principais a serem trabalhados: a reforma do telhado, os problemas com a acústica, a necessidade de uma saída de emergência e a reorganização do espaço interno (banheiro e palco).
Além disso, o grupo dos eventos propôs uma rua interna, com nome Rua Pátria Livre, que promove uma maior conexão entre o galpão e o pátio. A pintura no chão tem intenção de sinalizar até onde o pedestre é bem vindo, uma vez que a ideia inicial é que a rua fique aberta durante o dia, de acordo com o desejo dos moradores. O muro de cobogó também permite uma separação do ambiente de forma leve, mas efetiva na hora de impedir a entrada de pessoas de fora. Os mobiliários são sustentáveis e permitem que as próprias pessoas os construam. Do lado de dentro do muro de cobogó, existem mobiliários infantis para uso das crianças da ocupação.
Propostas envolvem nova fachada, rua interna, reformulação do espaço interno do galpão com escada de emergência e reforma do telhado.
Grupo da Biblioteca
O grupo da biblioteca ficou responsável pelo mapeamento dos gêneros de livros que os moradores gostariam de ter no futuro espaço e de verbos e sensações que deveriam envolver uma biblioteca. A partir disso e das demandas físicas do espaço, como a necessidade de reforço da estrutura e medidas de segurança, foram levantadas várias propostas de curto, médio e longo prazo. A primeira etapa consiste na instalação de guarda-corpos nas lajes pré existentes; a segunda etapa consiste na união das duas lajes por mezanino em estrutura metálica, aumentando a área de circulação; e a terceira consiste no fechamento do espaço por paredes de dry-wall e grandes janelas de vidro, contribuindo para o silêncio e tranquilidade do ambiente.
Além disso, o grupo também ficou responsável pela organização do espaço de convivência, local de entrada dos moradores. A proposta traz mobiliários, equipamentos de lazer e banheiros para tornar a área mais convidativa e torná-la um espaço de permanência.
Propostas envolvem várias fases de reforma do mezanino e nova área de convivência para os moradores.
Grupo da Cozinha
Atualmente, a cozinha comunitária funciona na entrada do galpão de eventos, com duas cozinheiras e o auxílio da comunidade. Apesar da área reduzida, a cozinha produz alimentos de café da manhã e jantar todas as semanas. Além disso, auxilia na produção de alimentos para os eventos que acontecem no galpão. O grupo da cozinha trabalhou a partir da demanda de uma padaria da ocupação e da necessidade de um espaço maior para receber os clientes do restaurante comunitário, que também funcionaria no local. As propostas levaram muito em consideração o funcionamento de cozinhas comunitárias, do processo de panificação e as normas sanitárias.
Propostas envolvem plantas de demolição e construção, cortes e imagens 3D.
Identidade visual
Também foi requisitada uma identidade visual nova para a Ocupação Pátria Livre, como meio de ajudar na arrecadação do dinheiro para as reformas necessárias nos espaços do galpão, cozinha e biblioteca. Assim, a partir de discussões entre a turma e representantes da ocupação, surgem novas cores e logos para representar a ocupação em cartazes de divulgação de eventos para arrecadação e em objetos comercializáveis.
Propostas envolvem nova paleta de cores e formulação da identidade visual dos cartazes de divulgação e objetos.
detalhamentos
Além das soluções arquitetônicas demandadas para os espaços, cada grupo ficou responsável por detalhar algum aspecto importante de seu projeto, por meio de pequenos tutoriais com função de ensinar os moradores a construírem os seus próprios mobiliários, de forma a aumentar o seu vínculo com a ocupação e buscar modos sustentáveis e econômicos de requalificar um espaço, ou por meio de detalhamentos mais técnicos dos elementos existentes no espaço para auxiliar na execução do projeto. Essa foi uma maneira encontrada de conectar o trabalho feito pelos grupos com os moradores, já que a pandemia impossibilitou a promoção de atividades e oficinais entre todos.
Propostas envolvem detalhamentos técnicos e tutoriais de mobiliários dos grupos da biblioteca, eventos e cozinha respectivamente.
alunos
Grupo de eventos
Jade Dalfior
Karlla Soares
Luna Machado
Grupo da cozinha
Gabriel Veríssimo
Filip de Paula
Pedro Borges
Beatriz Carvalho
Grupo da biblioteca
Ana Júlia Freire
Ana Luisa Vieira
Leonardo Cardoso
Raquel Borges
Identidade visual
João Paulo Araújo Souto