COMUNICAÇÃO VISUAL: O EDIFÍCIO E A CIDADE
No segundo semestre de 2017, as pautas do direito à moradia e da preservação ambiental no Vale das Ocupações estavam sendo discutidas na extensão pelo programa Natureza Política e na pesquisa Jardins Possíveis. Os alunos dos cursos de Design e de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, foram convidados a problematizar as relações visuais entre os componentes do espaço urbano no território abordado, por meio da disciplina “Comunicação Visual: o Edifício e a Cidade”, ministrada pela professora Luciana Bragança.
A experiência buscou discutir o encontro entre os humanos e não-humanos e os seus encadeamentos na constituição da paisagem da cidade bem como de seus equipamentos, mobiliários e serviços, apresentando a comunicação visual como uma ferramenta prospectiva e de informação do cotidiano, capaz de gerar possibilidades e processos de intervenção.
Nesse sentido, a disciplina, em decorrência da aplicação de um processo investigativo, teve como resultado a criação de sinalizações urbanas — córrego, árvores, plantas, nome de ruas e numeração de casas— para o vale.
Os objetivos gerais da disciplina foram:
- Discutir, apresentar e problematizar as possibilidades da comunicação visual aplicada ao espaço urbano e seus equipamentos, mobiliários e serviços.
- Discutir, apresentar e problematizar a comunicação visual como um importante campo da vida urbana e como ferramenta prospectiva e de informação do cotidiano.
Os objetivos específicos foram:
Induzir, incentivar e aprimorar a capacidade dos alunos de:
- Pesquisar sobre modos de comunicar, na cidade.
- Coletar e interpretar dados culturais, ambientais, físico-geográficos; sintetizar as principais informações, elaborar diagramas, gráficos, mapas temáticos, tabelas, análise crítica, etc.
- Elaborar e produzir um sistema gráfico ambiental.
- Tornar visíveis as narrativas propostas no espaço.
processos de aproximação do território
O primeiro exercício teve como objetivo a compreensão do território e, sobretudo, a forma como é estabelecida a relação entre diferentes atores humanos e não-humanos. Para isso, os alunos foram incentivados a questionar e aprimorar suas habilidades de pesquisa, comunicação elucidativa e produção descritiva.
Sendo assim, em um primeiro momento, foi realizada uma pesquisa que abordasse os modos de comunicação na cidade, cujo processo indagativo esteve atrelado à coletânea e interpretação de dados culturais, ambientais, e físico-geográficos. Em seguida, essas informações foram discutidas e, posteriormente, sintetizadas por meio da elaboração de diagramas, gráficos, mapas temáticos, tabelas e análises críticas.
O primeiro exercício teve como resultado a elaboração de diagramas, gráficos e mapas temáticos da área com construção de narrativas e estudo de possibilidades para a proposta de sinalização.
produção de cartografias
Os levantamentos realizados evidenciaram a necessidade de criação de uma narrativa socioambiental que conciliasse as potências intrínsecas e as redes de relações entre os elementos do parque – as pessoas, o cotidiano, o rio, as plantas e animais – e a cidade com objetivo de aproximar as lutas. Essa cartografia foi essencial para a construção de um entendimento que resultou em um processo de intervenção, uma vez que evidenciou os atores e as agências presentes no Vale das Ocupações e elencou as possibilidades de linguagem gráfica que poderiam ser implementadas pela comunicação visual no local.
Dessa forma, optou-se pela construção de narrativas que fossem capazes de atrelar as esferas previamente questionadas a partir do destaque desses atores: pessoas, água, vegetação, cultivo, animais, moradia e luta.
propostas
O segundo exercício desenvolvido pelos alunos, baseado na cartografia produzida, teve como objetivo propor sinalização para o local com: família tipográfica, Textos, Iconografia, símbolos, pictogramas, logotipos e confeccionar a sinalização
Foi proposto um Sistema Gráfico Ambiental, como desenvolvimento da sinalização indicativa do Vale das Ocupações, constituída pelas placas com os elementos do território. Foi proposto também a criação das placas das ruas e de números em acrílico das casas. A numeração foi desenvolvida segundo a legislação e tem como objetivo garantir um endereço e servir de base para a Regularização Fundiária.
Por fim, com o objetivo de garantir o direito básico a um endereço e reforçar o entendimento de que a luta pela moradia e o meio-ambiente não são excludentes, essas placas de numeração foram inseridas nas casas da ocupação Paulo Freire em 2018, mediante uma ação promovida no território pela extensão, seguindo a lógica apresentada no mapeamento a seguir:
alunos
Leticia de Paula Silva
Maira Louise Martins de Freitas
Marcus Vinicius Barbosa Deusdedit
Maria Celeste Rodrigues da Silva
Nathalia Carvalho de Lima
Nina Vidigal
Paola Resende Galvão
Pedro Henrique Batista da Silva
Rodney Gomes Arouca Silva
Wenderson Tulio Carneiro