Pflex Arquitetura Desobediente

CASA TINA MARTINS

Arquitetura Desobediente foi um novo conceito que surgiu do projeto de extensão Artesanias do Comum, na Escola de Arquitetura da UFMG. Organizada pela professora Marcela Brandão, no curso de Arquitetura, essa disciplina de projetos (PFlex – PRJ081: Arquitetura Desobediente) é desenvolvida em articulação com as demandas a serem identificadas e problematizadas com algum grupo em situação de vulnerabilidade social, tendo como proposta desenvolver ações colaborativas para reformar e restaurar espaços com o uso de produtos confeccionados coletivamente nas aulas a partir de materiais recicláveis. No primeiro bimestre de 2016/2, a disciplina se articula com a Casa de Referência da Mulher Tina Martins, fruto da luta do movimento feminista Olga Benário, instalada na região Centro-Sul de Belo Horizonte, à Rua Paraíba, 641.

Nesse contexto, a parceria firmada visou elaborar um projeto para a reforma na casa da Tina Martins criando dispositivos para melhor apropriação do espaço da casa, compatível com a realidade e os recursos disponíveis e adquiridos, e aliado ao objetivo pedagógico de introduzir o método cartográfico como ferramenta de experimentação e construção de práticas arquitetônicas; provocar a discussão sobre as forças que atuam na produção do espaço (forças hegemônicas de mercado e forças subversivas e desobedientes); investigar e discutir possibilidades projetuais que possam potencializar e/ou ativar práticas arquitetônicas cotidianas da produção do espaço; investigar e desenvolver ferramentas de representação que permitam uma interlocução dialógica e aberta a todos os atores envolvidos; investigar e desenvolver propostas arquitetônicas consistentes em termos técnico-materiais e viáveis no que se refere aos quesitos econômicos; e desenvolver propostas arquitetônicas coerentes com as investigações e discussões propostas.

processos de aproximação do território

A aproximação ao território foi amplificada através da elaboração de instrumentos dialógicos, objetivando ir além da representação técnica focada apenas nos dados físicos e materiais. Assim, os alunos elaboraram, além da maquete do espaço, jogos interativos para identificação de demandas, problemas e desejos junto às interlocutoras da Tina, alinhados a uma interlocução dialógica e aberta a todos os atores envolvidos.

Ainda, em auxílio à investigação e desenvolvimento de propostas arquitetônicas consistentes, os alunos participaram de oficinas práticas ministradas no laboratório de metais da universidade, podendo amplificar conhecimentos sobre marcenaria, morfologia da estrutura e o uso do bambu.

propostas

A partir da cartografia colaborativa e do levantamento dos dados físicos do território, foi possível elaborar propostas para a Casa Tina Martins. Indo à prática, venda de produtos na Feira de Tudo (um evento cultural colaborativo organizado pelos próprios expositores, que acontece uma vez por mês na Praça da Escola de Arquitetura da UFMG e circula por outros espaços da cidade em edições extras) para arrecadação de recursos, além de mutirões, foram realizados para viabilizar a execução e instalação dos objetos e dispositivos sugeridos, além da requalificação do espaço.

Exemplos de propostas elaboradas na disciplina

Além de elementos físicos propriamente ditos (caixas organizadoras, quadro para fotos e recados, adaptação de armário, entre outros), também foram gerados na disciplina materiais instrutivos: cartilhas com dicas de como fazer o preparo e a pintura de paredes internas, dicas de finanças, de marcenaria e para a realização de mutirões de organização, além do registro do passo a passo para produzir os objetos propostos.