RESÍDUOS SÓLIDOS NAS OCUPAÇÕES AUTOCONSTRUÍDAS
sobre
O projeto de pesquisa “Resíduos Sólidos nas ocupações autoconstruídas: sustentabilidade sociocultural associada às políticas públicas” é um desdobramento da tese de doutoramento da professora Marcela Silviano Brandão Lopes, desenvolvida no período entre 2011 e 2015, cujo objetivo era compreender e registrar as soluções da autoconstrução na perspectiva de suas potencialidades, ainda que sem negar as precariedades. Teve como objetivo a aproximação da prática de coleta de resíduos sólidos da construção civil e os preceitos relativos à sustentabilidade socioambiental (HAWKS, 2019), à tecnología social (BAVA, 2004) e à economia solidária (SINGER, 2002), visando, no horizonte, relações econômicas compartilhadas e inovadoras entre autoconstrutores, empresas da construção civil e políticas públicas.
A investigação partiu do pressuposto que os discursos sobre as vilas, favelas e ocupações urbanas autoconstruídas é marcado quase que exclusivamente pela precariedade e insalubridade desses territórios, dada a insuficiência de infraestrutura e estrutura construtiva e urbana, bem como os riscos geológicos. Em resposta a tantos problemas, se abrem, via de regra, políticas urbanas baseadas em remoção de moradores e/ou higienização do território, desconsiderando totalmente as singularidades dos modos de vida existentes e as construções autoconstruídas.
Em outra direção, propunha-se que a qualificação das perguntas e afirmações fossem feitas no encontro dos pesquisadores com o território, buscando evidenciar as soluções que já estão sendo engendradas pelos moradores na sua vivência cotidiana. Acredita-se que as respostas, muitas vezes, já podem estar sendo inventadas pelos moradores, e que essas soluções deveriam ser evidenciadas para uma abordagem mais respeitosa do território no qual se pretende intervir.
Cartografar e conectar as práticas cotidianas são condições para que haja a potencialização das soluções que já estão em curso e para a ativação de novos dispositivos arquitetônicos e urbanísticos. É necessário, pois, um reposicionamento do papel dos pesquisadores inseridos nesse processo, tendo como horizonte a construção de mecanismos e de protocolos efetivos para a realização de um trabalho coletivo de fato.
Mapeamentos foram realizados e o cuidado, o compartilhamento e a reprodução da vida foram visibilizados em diversas das práticas cotidianas. Reconhecer essas práticas como pistas importantes desencadeou ações que visavam a construção de novos imaginários urbanos para aquele território. E, nesse processo, avanços foram identificados, como o plantio de 60 mudas nas ruas da Paulo Freire, a reforma do ônibus e a incorporação crescente da pauta ambiental nos atos e discursos do MLB, para citar algumas.
Entretanto, foi também possível constatar que as práticas mapeadas e suas soluções inventivas, percebidas por nós como pistas importantes de outro modo de se produzir espaços, via de regra, são substituídas pelos moradores por soluções convencionais. Tão logo se ganha um dinheiro extra e, por exemplo, um carro é comprado, o jardim desaparece. O mesmo acontece em relação às artesanias construtivas mapeadas, tanto na escala da moradia, com a instalação de porcelanatos e construção de muros, quanto na escala urbana coletiva, na demanda insistente por asfalto para a pavimentação das ruas. Ou seja, as artesanias percebidas durante o doutorado como sendo uma prática subversiva estão, como tudo, no jogo dialético da produção do espaço.
equipe de pesquisadores
COORDENADORA:
Profa. Dra. Marcela Silviano Brandão Lopes
PESQUISADORES:
Profa. Dra. Denise Morado Nascimento
Profa. Dra. Luciana Bragança
EQUIPE 2017
- Pesquisa: Tecnologia social, economia solidária e sustentabilidade cultural nas ocupações urbanas autoconstruídas
Bolsista (PRPQ: PIBIC PROBIC – 01/2016): Mayumi Ikemura Amaral
- Pesquisa: Dispositivos de Mobilização Social
Bolsista PRPQ: ADCR 05/2016: Ana Carolina Horta
- Projeto de extensão: Mídias Comunitárias
Bolsista (PROEX – 07/2016): Maria Moura Soalheiro
- Projeto de extensão: Artesanias do Comum
Bolsista (PROEX – 07/2016): Marcus Vinicius Barbosa Deusdedit
EQUIPE 2018
- Programa de extensão: Natureza Política
Bolsista (PROEX – 07/2016): Cyntia Ornelas
EQUIPE 2019
- Programa de extensão: Natureza Política
Bolsista (PROEX – 04/2019): Matheus Silva Coelho
Bolsista: Luiza da Anunciação Guinho
EQUIPE 2020
- Programa de extensão: Natureza Política
Bolsista (PROEX – 03/2020): Luiz Eduardo Minks Pereira / Luara de Oliveira Assis
Bolsista: Luiza da Anunciação Guinho
EQUIPE 2021
- Programa de extensão: Natureza Política
Bolsista (PROEX – 12/2020): Luara de Oliveira Assis / Gabriela de Barros Grossi
Bolsista: Aluska de Farias Pereira
mapeamentos
análise dos mapeamentos
A investigação partiu do pressuposto que os discursos sobre as vilas, favelas e ocupações urbanas autoconstruídas é marcado quase que exclusivamente pela precariedade e insalubridade desses territórios, dada a insuficiência de infraestrutura e estrutura construtiva e urbana, bem como os riscos geológicos. Em resposta a tantos problemas, se abrem, via de regra, políticas urbanas baseadas em remoção de moradores e/ou higienização do território, desconsiderando totalmente as singularidades dos modos de vida existentes e as construções autoconstruídas.
Em outra direção, propunha-se que a qualificação das perguntas e afirmações fossem feitas no encontro dos pesquisadores com o território, buscando evidenciar as soluções que já estão sendo engendradas pelos moradores na sua vivência cotidiana. Acredita-se que as respostas, muitas vezes, já podem estar sendo inventadas pelos moradores, e que essas soluções deveriam ser evidenciadas para uma abordagem mais respeitosa do território no qual se pretende intervir.
Cartografar e conectar as práticas cotidianas são condições para que haja a potencialização das soluções que já estão em curso e para a ativação de novos dispositivos arquitetônicos e urbanísticos. É necessário, pois, um reposicionamento do papel dos pesquisadores inseridos nesse processo, tendo como horizonte a construção de mecanismos e de protocolos efetivos para a realização de um trabalho coletivo de fato.
Mapeamentos foram realizados e o cuidado, o compartilhamento e a reprodução da vida foram visibilizados em diversas das práticas cotidianas. Reconhecer essas práticas como pistas importantes desencadeou ações que visavam a construção de novos imaginários urbanos para aquele território. E, nesse processo, avanços foram identificados, como o plantio de 60 mudas nas ruas da Paulo Freire, a reforma do ônibus e a incorporação crescente da pauta ambiental nos atos e discursos do MLB, para citar algumas.
Entretanto, foi também possível constatar que as práticas mapeadas e suas soluções inventivas, percebidas por nós como pistas importantes de outro modo de se produzir espaços, via de regra, são substituídas pelos moradores por soluções convencionais. Tão logo se ganha um dinheiro extra e, por exemplo, um carro é comprado, o jardim desaparece. O mesmo acontece em relação às artesanias construtivas mapeadas, tanto na escala da moradia, com a instalação de porcelanatos e construção de muros, quanto na escala urbana coletiva, na demanda insistente por asfalto para a pavimentação das ruas. Ou seja, as artesanias percebidas durante o doutorado como sendo uma prática subversiva estão, como tudo, no jogo dialético da produção do espaço.
disciplinas
PFLEX Arquitetura Desobediente Casa de referência Tina Martins/2016.2
PFLEX Arquitetura Desobediente Mulheres da Ocupação Rosa Leão/2017.1
PFLEX Arquitetura Desobediente MLBus/2017.2
PFLEX Arquitetura Desobediente Ocupações Verticais da região central de Belo Horizonte/2018.1
PFLEX Arquitetura Desobediente Ocupação Carolina de Jesus/2018.2
PFLEX Arquitetura Desobediente Territórios populares do hipercentro expandido/2019.1
PFLEX Arquitetura Desobediente Casa de gentil (Raposos)/2019.2
PFLEX Arquitetura Desobediente Ocupação Carolina de Jesus/2020.1
PFLEX Arquitetura Desobediente Ocupação Esperança/2020.2
PFLEX Arquitetura Desobediente ASBAFE/2021.1
PFLEX Arquitetura Desobediente Ocupação Pátria Livre/2021.2