VALE DAS OCUPAÇÕES

O Distrito Industrial do Jatobá foi criado na década de 1970 pelo poder municipal de Belo Horizonte, na Regional Barreiro, no intuito de incentivar a implantação de indústrias na região e de gerar novos empregos. Terrenos foram doados com esse compromisso, mas muitos deles foram vendidos a terceiros, inaugurando um esquema de grilagem e especulação imobiliária na região. Em 2008, os movimentos sociais de luta pela moradia ocuparam alguns desses terrenos, configurando assim o Vale das ocupações.

Mapa de localização do Vale das Ocupações.

 quais são as características desse território?

O território do Vale das Ocupações possui afluentes do Rio das Velhas, com destaque para o córrego Olaria, e possui uma área significativa enquadrada na Zona de Preservação Ambiental (ZPAM). A partir dos mapas aéreos no slide abaixo, elaborados com base em pontos de vista distanciados, é possível entender melhor a ocupação do território em questão, seus cursos d’água e vegetação, seu zoneamento vigente, além de suas características geológicas e os limites das ocupações lá situadas.

Mapa: Bacia do Ribeirão Arrudas com destaque do Córrego Olaria.

Mapa: Análise dos cursos d’água presentes no território.

Mapa: Levantamento do zoneamento vigente.

Mapa: Levantamento de características geológicas.

Mapa: Ocupações do Vale das Ocupações.

parque das ocupações: parque por quê?

O nome “Parque das Ocupações” surge em 2015, em um encontro entre Leonardo Péricles (MLB) e professoras Natacha Rena e Marcela Brandão ̶ integrantes do grupo de pesquisa Indisciplinar e docentes da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFMG ̶ no qual discutiu-se a importância de inserir a pauta ambiental na luta pela moradia, tendo em vista a proximidade das ocupações do Barreiro com uma grande área de preservação ambiental. A partir desse encontro, iniciou-se um processo de construção de um imaginário urbanístico/paisagístico em torno da ideia do parque, considerado desde esse momento como sendo toda a área de preservação ambiental e todas as ocupações urbanas.

Foto: Vale das Ocupações.

Entendendo que a hibridação dessas duas pautas – a luta pela moradia e pela preservação do verde – é de grande importância nas cidades, o grupo de pesquisa, por meio do Programa de Extensão Natureza Política, iniciou uma ação extensionista, pautada pela oposição à narrativa hegemônica de criminalização sofrida pelas ocupações por moradia localizadas ao lado de áreas de preservação ambiental, ampliado, no caso em questão, pela existência de disputa pelo espaço com o setor industrial.

A nomeação “Parque das Ocupações” foi feita a partir de uma intenção política clara: a de associar a luta por moradia à questão ambiental, sem colocá-las em pólos opostos, numa tentativa de complexificar essa relação; e assim, propor a construção de uma urbanização mais sustentável e justa para os territórios populares autoconstruídos.

quais os métodos de aproximação utilizados?

Em oposição à abordagem recorrente sobre os conflitos ambientais versus moradia identificados nas ocupações urbanas, a partir da qual se atribui à causa e aos danos desse conflito a falta de consciência ecológica por parte dos moradores, acredita-se que os atos e objetos precisam ser cartografados, ou seja, é preciso identificar outras manifestações, além das discursivas, que possam evidenciar melhor a relação dos moradores com essas questões e outras de igual importância em termos de coletividade. 

A cartografia foi o método adotado pelo Natureza Política para aproximação das questões ambientais e da moradia, sem julgamento de valor prévio, mas também sem uma pretensa neutralidade, ou seja, partiu-se do reconhecimento que o território em questão não é marcado apenas pela falta e precariedade e que existem conflitos e potencialidades.

A proposta desenvolvida no projeto do Parque das Ocupações incorpora as soluções cartografadas no território, junto às opções construtivas e urbanísticas credenciadas pela academia e pelo saber técnico, num processo de construção mutuamente afetado entre a técnica acadêmica e o território cotidiano. Importante ressaltar que o método cartográfico aqui utilizado inclui a produção coletiva de mapas e linhas do tempo, como também dinâmicas que envolvem rodas de conversa, produção coletiva de vídeos e fotos, visitas ao território, mutirões, etc.

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